Élio Braga.
---------------------------------------------------------------------
Bonne Nuit
Sou Jacques Pierre,
Imigrante embriagado
Um contador de histórias
Antigas, guardadas no passado
Tentando não me debulhar em prantos
Que conto-lhes aqui
A história
De meu avô, que vi partir
"Quando a hora chega
Deus há de vir
E lhe convidar pro céu
Pois é hora de partir"
Anos se passaram
E seu ditado eu esquecera
Até que a idade chegara
E meu velho adoecera
Quando já jazia na cama
Me pediu lápis e papel
Sentiu que a hora chegava
E que Deus viria do céu
Eu o olhava
Em um silêncio total
Ele olhava para cima
Esperando seu final
As mãos trêmulas
Uma com lápis, outra com papel
O tempo acabava, lágrimas
Em seus olhos cor de mel
Até que seus olhos
Vi se abrirem, com espanto
Ele começou a escrever
Pobre velho, tremia tanto
Quando o olhei, deu um suspiro
Me olhou, sorriu
Olhei, suas mãos pararam
Meu bom velho partiu
Assim, peguei a carta;
Eis que a leio agora:
"Não teime, meu amigo
Pois todos têm sua hora"
Jacques Pierre.
Nenhum comentário:
Postar um comentário