sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Animalia

ande pelos caminhos
obscuros da madrugada
onde as vozes
são de ninguém
e as preces
são para alguém
cujo toque espera
para ser descoberto

ande enquanto chegam
a tristeza, a música e
o preto vestido em vazio

as suas vozes estão
cansadas de gritar
mas a harmonia está
acima de você

chega de querer o impossível
está na hora de desejar menos
e de tentar contentar-se
com a primavera de botões
sem flor alguma dentro.


Lino Pedro

sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Canção de Raiz

Voou, voou
O pássaro voou
Voou por cima do rio
Foi embora soltando perdões engraçados
Meu passarinho partiu.

E voa e voa
Pra lá do outro lado
Cantando canções sem paixão
Meu pássaro que tanto havia enfeitado
Minha casa sem teto nem chão.

E agora é hora, estará ele ali?
Cantando outro dia a raiar
Pois é nesta hora que eu fico aqui
 Esperando seu canto chegar.

O passarinho arrumou
Fora de mim outro par
Fugiu da gaiola
Que nunca entrou
E agora ele não vai voltar.

Agora são os meus chiados
Que o vento costuma fazer
Que fazem um som arrumado
E estranho
De folhas que estão a morrer.


Tommas D'artoya

quinta-feira, 4 de agosto de 2016

O Falso Rei Morto e Seu Vassalo Moribundo.

vi saindo as
vísceras do
vassalo
e abracei
sua causa.
cortei minha
barriga
e juntos
de corpos
colados
impedimos
que as vísceras
nos deixassem
a sós.


Élio Braga

terça-feira, 2 de agosto de 2016

Caleidoscópio

Dentro dos olhos
Você encontra o caminho
Até o foco giratório
de luzes cor-de-mim.

Cedo ao vício em refltir,
olho com olho,
e ao vórtex luminoso
da luta pela compreensão
do interior e da mágica
por de trás da apresentação

e me deparo
e tento fechá-los
para que não sejam
apanhados em flagrante
roubando vidas,
incessante,

com descuido
em conhecer
a natureza
de um prazer

em observar.

São olhos que veem
E que não contentam
Em olhar.


Élio Braga.