domingo, 29 de setembro de 2013

Velho

Pode chegar
Que a festa acabou,
Era para ser só minha
Mas muita gente apareceu.

Gente de todo tipo
Menos do meu.
Chatiou-me vê-las
Divertindo-se.

Todos vieram desejar-me felicidades,
Ainda estou tentando descobrir
Para que propósito.

Todos riam
E pulavam,
E eu as observava
De longe.

A música era boa,
O que é uma pena,
Pois houvesse música ruim
E aquelas pessoas sumiriam.

Enquanto tudo andava bem
Eu pensava comigo mesmo:
"Por que motivo odeio isso tudo?"

A resposta não encontrou-me
E isso me chatiou também.
Depois de tantos anos
Aqui estou, esperando novamente
Outra festa e a resposta.

Mas hoje, pode chegar,
Que a festa já acabou.


Élio Braga.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Samba

Para de fazer
Esse jogo de vai e vem,
De empurra daqui e de lá.

Tô começando a gostar de samba -
Samba daqui e de lá.
Samba comigo, que tal?

Me ensine a dançar direito
Porque todas as vezes que dancei,
Pisei no meu próprio pé
Ou pisaram nele por mim.


Élio Braga.

domingo, 22 de setembro de 2013

O Mago e o Cofre

Há um cofre
Que já não se sabe
Nem mais o que existe
Por dentro.

Ouvem-se rumores
De que há selado, dentro,
Magias incontroláveis.

Há gente que teme-as,
Há gente ansiosa para vê-las.
Mas são apenas rumores.

São rumores contados
Por um antigo mago
Que sabia como lidar
Com esse tipo de magia.

Este mago hoje mudou,
Está escondido por aí.
Não se sabe mais onde vive,
Ou mesmo se vive.

Disseram-me que
Os rumores são reais,
Que a magia é real,
Mas eu já não acredito mais.

Não desde que o último mago
Deixou com que a sua magia
Caísse por terra

E atingisse-me na plateia
Enquanto eu assistia-o com
Certa empolgação única.

Há um cofre em meu porão,
E nele, de tempos em tempos
Podem-se ouvir gritos de desespero:
Gritos de um mago.



Élio Braga.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Relação Indireta

Lábios floridos
Estranhamente chamativos.
Eu não me importo se do alto
Ou do chão eu tenho seu ósculo.

Ah, o dia anda tão estranho
Quanto curto.
Mas vejo um prolongamento dele
Quando sinto seu calor humano afagar-me.

O dia por aqui já teve a habilidade
De durar meses,
E mesmo assim ele é curto.

Hey, então quando você vai decidir
Mudar alguma coisa?
Solte as algemas da vida, por gentileza,
E prenda-as em mim.

Não, não preciso dos braços livres,
Só utilizo da mente para te abraçar.
Aliás, minha mente também já beliscou
Inúmeras vezes seus lábios floridos
Cor de felicidade.


Élio Braga.