sábado, 27 de abril de 2013

Do Rei ao Povo


"De que valeu construir a estátua do deus
Já que os rebeldes chegaram,
Já que todos invadiram
E mataram os filhos teus?


As aves voam tão longe
Que os raios de Sol impedem-me de vê-las;
O mundo para mim ficou tão complicado
Que subitamente não fui capaz de reconhecê-lo.


O solo ficou tão frio,
Que nenhuma planta cresce mais,
As águas ficaram tão quentes
Que já não podem saciar a sede dos animais.


O frio ficou tão intenso,
O ar está tão denso,
Mas minha a vida se tornou algo bom.


A corneta do barqueiro soa aquela canção.
A canção mais bela que alguém já ouviu,
Uma canção simples
Que diz


'Eu não conheço mais o som da música.
Eu não conheço mais o gosto da bondade.
Eu não conheço mais as lindas flores cor de carmim.
Eu apenas conheço
A mim'.


Os homens acompanham o som da corneta,
A lua revela uma imagem negra.
Chegou, por fim o dia
Que até o último deles viajará
Para uma terra muito mais distante,
Para uma terra muito mais profunda,
Chamada e aclamada por muitos.


Cada um, a partir daqui,
Fará seu próprio caminho
E sua própria terra,
E que a sorte esteja com vocês."


Élio Braga.

domingo, 21 de abril de 2013

Burning Something

Como é que chama
Aquilo que queima
A carne viva de todos
Os seres,

Que traz pulsos
Nunca imaginados
Aos de índole pouco
Extrovertida?

Como é o nome
Do que chamamos
Por um nome mas não
Explicamos por alegações?

Não lembro-me do título,
Pois há muito que já não tenho
Nem vontade e nem condições
De definir o que é esta estranheza

Que aprende-se sozinho...
Ou melhor,
Junto de outrém.

Élio Braga.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Burning Pages.

Ah, que som aprazível
Pairava sobre o casal
Que assemelhava Bento
E Capitu.

Capitu...
'Olhos de ressaca,
Que o diabo lhe deu'.

É, nada mais pertence
Às páginas incendiadas desta
Estéril memória que hoje já não
Lembra mais de nada.


Élio Braga.