domingo, 6 de dezembro de 2015

A Costureira

Ei, love
Diga tão fielmente que
Hoje o dia está bom
Pra te mentir
Sobre minha presença
Para sempre
Antes de partir
E
Costurar

Costuras de pano
Estofadas, que almofadam
E preenchem sem volume
O que estilhaçou
Chamando seu nome.

Como você faz?
Como você faz
Ser seu?

Ei, love
Estilhace
Estilhaços de ardente
Descendo com força
Um gole seu
Em mim.


Élio Braga.

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Gole de Azar

Pobre senhor
Deitado na sarjeta

Nem ao menos cerveja há
Em suas mãos.


Tommas D'artoya.

domingo, 6 de setembro de 2015

Maré

E
A sua calma
Surtou
O Meu
Coração.


Benjamim Neto.

domingo, 30 de agosto de 2015

Lago Dos Sábios

Fui enganado
Que
São os homens
Que
Foram feitos
Para
Enganar.


Lino Pedro.

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Alvorada

Que posso fazer se
São sete horas do raiar e
Se qualquer motivo
É desculpa pra ficar?

E quando me viro
Já não vivo
Pois toda segunda eu acordo
E ela já se foi

Mas lanço atenção ao
Contador de passado,
Pedindo um tempo lento
Quando eu não mais estiver só.

E conto as horas que chegam,
(Não as que se foram)
E que se levantarão novamente
As sete horas da manhã.


Élio Braga.

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Miragem

Tomo um gole
Na nova onda
De um mar
Que invade
Minha vista,
Salga minha ferida,
Cicatriza um engano,
E torna-se
O maior desafio
Que Deus me dá.


Benjamim Neto.

terça-feira, 14 de julho de 2015

A Braços Dados

Sobe a voz e
Nunca mais.
Nunca mais
Que o meu tom.

Mature a vida
No mundo grande
Pequeno demais
Para nós dois

Quanta calma tem
Seu medo de existir
Em braços que só circulavam
Entorno de ti.

          e

Circulavam de ti
Entorno de abraços
E circundavam os meus.


Élio Braga.

quinta-feira, 2 de julho de 2015

Ciclumano

Eu mato
Tu morres
Ele vinga
Nós morremos
Vós felizes
Eles matam


Tommas D'artoya

quarta-feira, 1 de julho de 2015

Sonho de Março

A Bossa nasceu no
Som do mês de
Março florindo
Em tons dissonantes

No ano do acorde,
Da cor forte,
Cortando as saudades
Do que era antes
E que continua lá.

Hoje é gratidão
Que toca em meu rádio
Nos momentos em que não tocam
Felicidade e harmonia num ritmo
Inato de toda uma paixão.


Élio Braga.

domingo, 28 de junho de 2015

Flores do Azulejo

Cabe aqui um par
De botões neutros
Desenhados,
Fixados
No reflexo.

Cruzei as pernas e esperei
Que qualquer coisa ali
Fosse corrigida
Pelos dois.

Disseram-me que isso vicia,
Mas acolhi em
Paz de espírito;

Assenti o resultado
De um tão sonhado momento
Que me foi dado como promessa
De liberdade.

E parti assim,
Formando palavras com os olhos
Enxergando nos botões
A prisão que minha liberdade criou.


Lino Pedro.

domingo, 21 de junho de 2015

Sem Parada

Vinha em claro
Em quatro pés
Entre a noite
Em rapidez

Do outro lado
Vinha o grande
Toda a gente
Engolida.

Mas a chance
Mais bonita
Evitou aparecer

Decidiu: Impiedade.
Foi manchete
Do meu choro.


Lino Pedro.

quinta-feira, 28 de maio de 2015

Café de Minas

Algo me mantém acordado:
É seu sono bom
E este seu dom
De se transformar

De vilão ao bom
Todo santo dia.
Em nome de quem
Ainda não sei

Mas meus olhos cegos
Olham mais que há.

Corre da vida
Como eu até você,
É muita coisa
Te acompanhar

Somos duas espécies,
E talvez já não existam
Mais propostas da vida
No amanhã


Mas minha voz
Dita mais que há
Então tá tudo certo e definido
Como tinha que estar.


Lino Pedro

terça-feira, 7 de abril de 2015

Zigue-Zague

Um dia eu ainda vivo assim.
Um dia acalmo meus ânimos
Chatos.

É preciso aprender muitas coisas
Que ainda não foram ensinadas a ninguém.
É obrigação aprender a falar noutra língua
Pra poder falar o que quero.

Só pra não cair,
Eu agarro com força o chão e
Desamarro meus cadarços do sol
Para ganhar em troca minha
Dor de cabeça diária.

Eu sinto falta de bons meninos,
Que já nem existem mais por aqui,
Eles se foram e continuam partindo
Para um lugar em que não compreendo
Como se pode ser feliz.

Talvez eu nunca queira saber
Como é ser feliz,
Então um dia eu ainda vivo assim,
Um dia acalmo meus ânimos
Chatos.

Élio Braga.

sábado, 7 de março de 2015

Sinais

Ei, eu vim aqui
Só pra falar do sabor
Encantado que encontro
Em você.

Ei, eu fiz promessas que
Nem sei cumprir,
Mas fiz promessas que
Serão cumpridas.

E hoje eu tirei o dia
Para decifrar teu som
E te escutar de longe
Dentro de meu ouvido...

Ei, vem aqui também,
Me ajuda a cumprir aquelas promessas
Que não fazem sentido algum aos outros.
Vem provar que não precisamos de outros.
Vem provar que não precisamos de promessas.
Vem provar que não precisamos de nada,
Exceto de nós mesmos.


Benjamim Neto.

domingo, 15 de fevereiro de 2015

Morto-Vivo

Morro vivo
Ao vivo aqui.
Vivo morto,
Um morto-vivo
Sem medo de morrer.
De morrer de
Morte cardíaca
E morrer
De dor,
Sim, disto
Morro de medo.


Lino Pedro.