domingo, 23 de outubro de 2016

Saudades

Juntos, éramos juntos
Indo sabe-se lá pra onde
Morar num palácio de desordem

Mas a desordem tinha nome
Onde todos não podiam ver.
Roíamos as unhas com músicas
Ruins e boas, e
Isso era o casamento
Sem padres ou público
Ou Sem Nada Intenso
Na sua eterna euforia. 


Élio Braga

Motivação

São sete
E eles não vão perdoar
Sua vida depende disso
Onde estão seus dotes?

Qual era a receita mesmo?
Toque seu barulho mais alto
Isso não vai te levar
A lugar nenhum
Isso não vai te levar
Isso vai te perder
Esse erro é seu
Meu papel é te segurar
Deixe suas asas no caixão
Deixe suas asas no caixão
Deixe suas asas no caixão
Até que sua vontade se torne
Póstuma e as pessoas comentem
Como você criou raízes
E viveu tranquilo
Deixe suas asas no caixão
Deixe suas armas no caixão
Deixe qualquer coisa a mais
Vire gente da gente
Sorria e diga sim
Para o ventríloquo


Lino Pedro

Flores da Primavera

São
Sonhos complicados de entender
Numa imensidade feito o mar
Eles são
Todos habitantes sem um lar

Dão
Som de propriedade desigual
Qual dos meus sentidos é normal?
Eles são
Flores num presságio em espiral


Ei
Roube um pedaço lá do céu
Onde nós possamos nos deitar
Como não?
Qual a nossa chance de ganhar?

Som
Suba na carroça de cristal
Tente não me ver com lucidez
Ouça o som
Acho que agora é sua vez

Bom
Ela não me viu quando eu passei
Nem ouviu o som do bandolim
E então
O que será que há dentro de mim?

Não...
Ela só aplaude quando quer
O universo e a imaginação
No meu tom
Eles cantam a mesma canção


Élio Braga.

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

A Luta

eu vejo o perigo,
o brilho do poder
e a criação do caos

um ser dominante
dominado pelo prazer
eu vejo a luta
pelo aprisionamento
das minhas angústias

ali, gigantes, redondos
eu vejo um querer, sem querer
fingindo demais
agindo sem menos

mostrando o que o corpo
não mostra
mas que a alma o faz.

Maria Eliz.