quinta-feira, 13 de julho de 2017

Canção de Todas as Guerras

e olhando para o lado
vi os corpos amontoados
vi que a fúria, já distante,
deu lugar à calma andante
que passeava entre os corpos
voando junto aos corvos

vi também a luz do dia
e o vermelho que refletia
do solo de pele molhada
em meio à vida abandonada

quem são eles, agora eu sei
são guerreiros sem um rei
são o castigo de cunho divino
são as histórias de quando era menino

onde as verdades [das batalhas] são omitidas
e não nos contam as horas sofridas
em que sangue, morte e decomposição
enchem o mundo dos que ali estão

defendendo interesses de todos, ou de uns,
e nem sempre interesses comuns
mas que foram suficiente para ocasionar
o desejo ansioso do homem, de matar

eu vejo agora quem venceu aqui
e não foi deus, nem os homens que vi
gastando gritos de insultos ou vitória
vi que os homens presentearam-nos com a memória
das reais atividades de uma disputa
onde os que vencem nunca estão na luta.


Tommas D'Artoya