quarta-feira, 27 de junho de 2012

Bonne Nuit

Hoje tive a feliz surpresa de recolher um escrito de um cliente diferente dos que costumeiramente recebo. Seu nome descobri ser Jacques Pierre - deve ser francês, ou belga. Bem, como prometido a todos os clientes que recebo, posto o referente escrito que ele me deixou sob sua garrafa de vinho do Porto que comprou (que agora já está vazia).

Élio Braga.

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Bonne Nuit


Sou Jacques Pierre,
Imigrante embriagado
Um contador de histórias
Antigas, guardadas no passado

Tentando não me debulhar em prantos
Que conto-lhes aqui
A história
De meu avô, que vi partir

"Quando a hora chega
Deus há de vir
E lhe convidar pro céu
Pois é hora de partir"

Anos se passaram
E seu ditado eu esquecera
Até que a idade chegara
E meu velho adoecera

Quando já jazia na cama
Me pediu lápis e papel
Sentiu que a hora chegava
E que Deus viria do céu

Eu o olhava
Em um silêncio total
Ele olhava para cima
Esperando seu final

As mãos trêmulas
Uma com lápis, outra com papel
O tempo acabava, lágrimas
Em seus olhos cor de mel

Até que seus olhos
Vi se abrirem, com espanto
Ele começou a escrever
Pobre velho, tremia tanto

Quando o olhei, deu um suspiro
Me olhou, sorriu
Olhei, suas mãos pararam
Meu bom velho partiu

Assim, peguei a carta;
Eis que a leio agora:
"Não teime, meu amigo
Pois todos têm sua hora"


Jacques Pierre.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Descontentamento

Braços animalescos.
Carne suína.
Ódio costumeiro -
Selvagem banal!


Será tão inusitada
A presença de alguma
Agradável criatura?


Quero cama só pra mim.
Ou então para outra de mim.




Maria Eliz.

sábado, 23 de junho de 2012

Pérolas Negras

Não se espante
Ao se deparar
Com um doce sorriso,
Como este.


Ainda melhor é
Ser cativado pelo brilho
Destas obscuras
Pérolas negras.


Um brilho que
Compete com
O de uma alma vibrante :
Dom de poucos.


Basta deixar se levar
Pelo deslumbrante eclipse ocular.


Basta tentar resistir,
E falhar diante delas.




Benjamim Neto.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

O Baile de Cortinas

"Dancem para mim
Cortinas brancas
De meu lar.


Dancem como costuma fazer o
Doce vento
Em minha tez.


Balancem para lá
E para cá.
Mais uma vez, e mais uma!


Meu olhos lhes escoltam..."
Como pode, meu Deus, ser tão formosa
Uma dança de cortinas?


Não resisto à estagnação:
Vou abrir as ventanas
Para que se ponham, novamente,
A bailar.




Lino Pedro.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Suor de Porco

Ah, mas que tédio...
Sinto me enjoada
De marmanjos sujos,
Viajantes de estrada.


Aquela porcaria de animal
Que em minha cama suava,
Que com sua imensidão abdominal
Despejada sobre mim, me sufocava


Ao menos teve a coragem
De partir sem pedir
Que eu guardasse (mais) uma mensagem:


"Voltarei mais vezes,querida",
Como é o caso de vários
Dos porcos que daqui
Fazem seu santuário.




Maria Eliz.

domingo, 17 de junho de 2012

Amigos Derradeiros.


Dias e dias suando a camisa
Para nem sequer ser lembrado
Por quem dizia uma vez ser amigo;
Por quem hoje é uma pessoa do passado.


Tantas e tantas horas
De risos em épocas de veraneio;
De mentes pensando e
Brilhando em bares alheios;


Tanta e tanta amizade oposta
À diferença entre dois meninos antigos
Que hoje, infelizmente, não se
Intitulam amigos.


Pois garanto: a alegria de poder rir fartamente
Só é vista nos que resguardam em mente
Cada um de seus amigos.




Élio Braga.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Tâmisa, the Thames

Ó, querida Londres,
Toda vez que venho
Neste bar, acabo por me lembrar
De sua beleza que em lembranças tenho.


Ó, querida Londres,
Quem dera, como dizem por aqui,
Poder um old Mr. Tommas
Lhe visitar mais uma vez.


Oh, darling London...
Oh, querido Thames
Não existirá , jamais, ninguém
Que mais do que eu te ames.






Tommas D'artoya

terça-feira, 12 de junho de 2012

Escravos

Nada irá comigo
Quando eu morrer.
Nem o dinheiro, nem os amigos
Nem meus poemas, nem meu amor.


Então para que fazer tudo
Neste mundo
Se no final ficaremos
Com nada?


Bastou-me decobrir
Que o que realmente importa
É ,de fato, o que deixamos para os outros
Que virão depois de nós,
Para que eu pudesse então compreender:


Somos meros escravos de nossos atos.
Somos apenas comandados incautos
Do tempo e da vida.
Afinal, não somos nada além
De lembranças.




Lino Pedro.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Beleza Oriental

Foi o único modo que me fez lembrar
Que existia o lugar do outro lado
Do mundo.


Aqueles olhos miúdos...


Era linda! Assim também eram
Os seus olhos:
Tão orientais
Quanto sua beleza.


Seu corpo, semelhante ao meu
Me deixava muito mais eufórica
Do que a maioria dos pagantes 
Conseguiam sequer fazer.


Deixo esta coisinha
Para ser publicada,
E para que eu possa atendê-la novamente;
(E desta vez, fica
Por conta da casa).


Quem diria
Eu pudesse atender
Somente gente
Como você.


Deixo esta
Para a tua maravilhosa beleza
Que me leva à tristesa
De não lhe conhecer melhor:
Para tua beleza oriental.




Maria Eliz.

domingo, 10 de junho de 2012

À Noite

Um sono, 
Um sono gostoso
Com sabor de alívio.


Uma esperança
De poder algum dia
Mergulhar...


Mergulhar num oceano
Que há muito não via,
Mas que há muito
Tinha comigo em minhas noites.


Nós vimos a noite se ir,
Vimos o dia chegar.
Vimos o que não víamos havia tempos
Um no outro.


Pensamos o que não falamos,
Falamos o que não pensamos.
A hora passou sem nos avisar,
E a noite ficou curta, mas melhor.




Benjamim Neto

sábado, 9 de junho de 2012

Bar Do Élio

Sejam bem-vindos ao Bar Do Élio!

Este é o ponto de encontro de escritores, músicos, poetas, bêbados(,) depressivos e etc.

 Temos alguns clientes que já são antigos por aqui, como é o caso do senhor Lino Pedro, um excelentíssimo médico aposentado; o senhor Tommas D'artoya, um imigrante inglês que mora não muito longe daqui; a senhorita Maria Eliz, uma prostituta contadora de histórias ( vale lembrar que minhas segundas-feiras são alegradas exclusivamente por conta das histórias dos homens com quem ela já ''trabalhou'' ); e o senhor Benjamim Neto, que raramente escreve-me algo.
 Eu, Élio Braga, sou o dono desta espelunca juntadora de histórias, e espero lhes servir de forma muito satisfatória.
 O cardápio ainda está pequeno, mas espero que gostem de nosso bar, o Bar do Élio!


Por ora, é só.


Élio Braga.