sábado, 29 de novembro de 2014

Panela de Pressão

Venho de lá,
Corri para cá
Sem pernas,
Vim com medo do lugar

Bate a pressão
Em meus ouvidos
Como força sobre área
Que faz uma agulha oxítona

Já espero que a panela exploda
Teto, chão,
Casa e fogão
Só que não exploda
O que estou preparando
Por dentro.


Élio Braga.

sábado, 11 de outubro de 2014

Um Par

Sou,
Nessas noites todas
Nesses jeitos todos
Nesse mar sem sal
Nesse olhar de grau
Nesses todos sóis
Nesse tom de voz
Nesse suor pingado
Nesse frio amado
Nessa pele vermelha
Nessa reclamação alheia
Nesse sono matutino
Nesse pequeno menino
Nesses gritos abafados
Nesses versos madrugados
Nessa história sem fim
Nesse em ti um pouco de mim
Nessa fala pobre
Nesse jeito nobre
Nessa multidão
Nesse texto em vão
Nessa obra-prima
Com jeito de menina,
Um par.


Élio Braga.

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Pequena Princesa

Menina o sangue corre feito luz
E é normal que eu venha a cair.
Fiz engano se era o plano
Que eu não conseguia mais sorrir.

Acordo feito cego apaixonado
De três em três, em toda madrugada,
Só pra olhar se vens cuidar
De olhos que já não enxergam nada.

Conheço cada nota e verso seus,
Sei qual é o toque de seu peito,
Te conheço bem porque a gente
Só conhece o que cativa.

Beijo a sua testa em proteção
Sei do seu futuro, mas por que?
Fosse outra ou mesmo todas
Não seria eu sem ser você.

Quando eu me sinto em você
O mundo some em bomba nuclear
Mudo meu humor sem dor,
Parece que o barulho vai parar.

Se eu vou mais tarde,
Meu mundo parece florescer.
A gente só espera um minuto
Pra entender

Seu fogo arde
E é bom que eu saiba como é sentir
As vezes eu só quero o seus ombros
Pra cobrir

Se um dia eu pular de um penhasco
E eu for voando pros seus braços;
E se eu quiser cair sorrindo...
Tudo bem...


Benjamim Neto.

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Wunderland

Talvez eu tenha caído
Na toca do coelho
E ainda não tenha tomado
Conhecimento de que o coelho,
Na verdade, é você.

Estou sujo de terra e lama,
Estou cheio esparadrapos no peito,
Mas eu não dou a mínima
Se meu veneno teve efeito em mim.

Meu sistema nervoso está
Em pura revolução,
Meus olhos brincam de eletrocutar
Quaisquer que sejam as possibilidades
De que alguma coisa possa interferir em nós.

Talvez eu tenha caído
Na toca do coelho
E ainda não tenha tomado
Conhecimento da rainha, justamente
Por estar aguardando ansiosamente
Que a minha verdadeira esteja aqui.


Élio Braga.

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Comodidade

O tempo passa sem dó
Sem pedir por licença,
Sem perguntar se a velocidade
É propícia para o momento.

As vezes eu pareço cansado
De ser e estar o mesmo;
A canseira é de estar cansado
E não fazer nada a respeito

E de não sentar e nem sequer
Encarar as páginas em que estão
Escritas as palavras que estão se tornando
Parte do tudo que envolve nosso conforto.

Ah, parte de mim pretende realmente
Levantar e correr pra bem longe,
A outra parte prefere sentar e escrever
O quão rápido passa o tempo quando
A felicidade toma conta de corpo e alma.
E sinceramente, eu estou
Demasiado cansado e feliz
Para preferir a primeira.


Élio Braga.

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Camisa e Gravata

Eu gosto é de lábio carnudo,
Não fosse isso, beijaria abacaxi.
Gosto de cabelo longo, pra puxar mesmo,
Cabelo curto já tenho o meu.

Prefiro brutalidade e firmeza
Ao invés de delicadeza,
Pois se fosse para ser bela
Cuidava de bebês ou criava um jardim.

Paciência eu tenho muita,
Meu respeito é por dois,
E não por um só.

Chego ao céu e ao inferno,
Faço graça e quero bis,
Quero tudo de mim
Para o inteiro de você.


Maria Eliz

terça-feira, 8 de julho de 2014

Combustível

As crianças brincam
Em minha cabeça,
Correm para lá
E para cá.

Estou cheio de coisas
Que fazem meu pulso bater
Na velocidade da luz.

Não sei o nome dessas coisas,
Mas chamo de crianças,
Pois sinto-me como uma

Ao perceber quanta energia
É bombeada em meu corpo
Quando ele percebe a presença do seu.


Benjamim Neto.

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Ressurreição

Sem indicador
(Vulgo apóstrofo),
Chamo os que amo
Para testemunharem
Meu novo jeito de ser feliz.

Coloco sob sete velas
Meu caminho de quatro pegadas.
De mãos dadas e restaurado,
Caminho sem hesitar.

Beijo a testa,
É proteção,
É jeito que não era,
Mas que agora sou.

Tenho algo novo em mim:
Batimentos vitais
Em ritmo de samba
Que inclusive trouxe à vida
A roda-morta que rodava
Mundo, moinho e coração.


Benjamim Neto.

terça-feira, 17 de junho de 2014

O Extermínio Dos Anjos

Não gosto mais
De anjos como
Eu gostava antigamente;

Prefiro viver no mundo
Em que há mútua estima,
Ao aceitar que o anjo era
Meu salvador.


Élio Braga.

sábado, 14 de junho de 2014

Perfume Novo

O que acontece
Que em seus braços
Meus abraços
São mais longos?

Como foi ver em mim
A liberdade expressa
Em notas de violão

Cujo som tem
Propósito único
De cativar seus ouvidos?

O acaso é que
Na dilatação de minha pupila
Encontram-se as respostas,
Ao mirar-te.


Benjamim Neto.

domingo, 1 de junho de 2014

Cego

Dia longo
Sem proveito,
E da noite
Fiz o mesmo

Fecho as portas,
Não importa,
Frio é frio,
Sem perdão.

Sei agora
Como é que,
Sozinho,
O escuro torna-se
Parte de você,
De seus pensamentos
E de suas palavras.

Sei agora como é escrever
Sem enxergar o papel,
Sem saber com que cor escreve
Sem saber com que letras transmite
O calor que tenta sair de dentro de nós.


Lino Pedro.

sexta-feira, 30 de maio de 2014

Olhos de Gato

Secretos, passeiam,
Os olhos de gato,
Presos aos meus.

Já não sei mais,
Destes pares,
Quais são seus;

O mundo todo foi invertido
E meus pés estão agora
No local correto,

Protegidos pelos
Olhos negros e felinos
Que cuidam do caminho
Pelo qual ainda devo seguir.


Benjamim Neto.

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Ouro Líquido

Sinceridade é um pesadelo
Se o sonho for uma mentira
Contada por seus lábios.

Em meus olhos chove ouro
Que guardo em um vazio
Que já criou vida própria.

Se ainda me lembro bem,
Costumava ter ideia de futuro
Enquanto aproveitava o presente,

Entretanto ainda anseio por seu
Autógrafo em minhas costas
Como costuma ser quando
Suas mãos vêm de encontro a mim.


Benjamim Neto.

quarta-feira, 30 de abril de 2014

O Retorno

Caduco,
A barba alongou-se
Acompanhando a velocidade
De propagação do delírio.

Fui condenado a lutar
Contra o próprio dono
De minhas razões.

Difícil esperar
Vitória quando a luta
É equilibrada,
Como a que se faz presente

Em partes de mim que
Prometi não mais trajar.



Élio Braga.

sexta-feira, 21 de março de 2014

Condução Térmica

Pouco a pouco
Trago-lhe
Mais perto
De mim.

Pouco a pouco
Sinto as unhas
Provocando minha pele

Fico fechada
Procurando conter-me
Esperando seu pedido
Por meu fervor.


Maria Eliz.

terça-feira, 18 de março de 2014

Dúvida A Distância

Sobe o sangue,
A água é fria,
O corpo precisa de ritmo
Para se esquentar

Anda rápido
Mas não corre,
O chão escorrega
Sem parar

São seus olhos
Ou são os meus
Que fizeram o que há

De errado em longe, mas
Que em perto certamente
Irá se consertar?


Benjamim Neto.

quinta-feira, 13 de março de 2014

Nômade

Sem abrigo era um homem
Consternado em sua
Vida de nômade
Até que descobriu
A felicidade
E fez dela um lar.


Élio Braga.

quarta-feira, 12 de março de 2014

Teimosia

A noite tropica em mim
E põe-me de costas em minha cama
Ordenando a quietude.
Recuso até que fique
Livre de pensar.


Élio Braga.

segunda-feira, 10 de março de 2014

Impureza Adulterada

Tinha todos os motivos
Do mundo para acreditar
Na impureza de nosso encontro,
Exceto o que vinha de dentro de ti.


Benjamim Neto.

terça-feira, 4 de março de 2014

Fantasma

As mãos sobre
Os ombros acalorados
E caucasianos sob o sol
Que fervia a sua inexistência.

E de praxe a cabeça imaginou
O que o corpo podia fazer
Sem antes perguntá-lo se
Era possível sentir o inexistente.

Todos viram que seus cabelos
Eram bagunçados não pelo vento
Mas por obra de não sabe-se o que,
E que aliás inexistia.

Como obra de aminésia
Todo o calor sumiu e deu-se
Lugar a ressaca gélida de uma
Bebedeira que nem sequer existiu.


Lino Pedro.

sábado, 22 de fevereiro de 2014

Gritos no Vácuo

Sozinho no negro pacato
Da mata também escura,
Ouve-se gritos de pânico e procura
Por luz em meio às trevas.

Mas sem razão para gritar,
Pois não há voz na garganta
Em um vácuo vital e eterno
No vazio sombreado.



Lino Pedro.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Fusão

Ó lábios floridos
Cor de alguma coisa
Semelhante a felicidade,

Derramei meu mar de estranheza
Em seus pés e este não foi chutado
Mas sim acolhido por tamanha beleza
Que já não existia mais em meus pensamentos.


Benjamim Neto.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Raio De Luz

Querida e singular
Passeia pela abóbada estrelada
Para lembrar-me de seu encanto
Em nosso solo.

Recebe foco
De um dos olhos do
Deus Hórus, que aliás
Já a possuía em sua visão.

Distribui fulgor recebido
Com quem anda e com quem
Tem a graça em estar por perto.

E então tudo fica lúcido
E belo quando seus raios
Atingem, internos, todos nós.


Benjamim Neto.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Dois Pi

Monótona,
Monocíclica,
Monossílaba
A vida.


Lino Pedro.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Piscadela Sulista

Em grau de impaciência
E forma neutra,
Brotou do sul a ilusão
Cuja imagem é reflexo.

Surge um mundo de exatidão
E fixação, transparecidos em olhos
Possuídos de visões de
Sinceridade.

E em seus mais sórdidos detalhes
Ainda invejo aquilo tudo
Para parecer mais com sua utopia austral.

O meio-dia da vida
Toma novos ares e
Meu corpo torna-se,
Quem sabe, um polo norte.

Talvez o mundo mude
E tudo mude junto,
Talvez nós mesmos mudemos,
Mas mudaremos conforme uma dança,
Que aliás já é singular e própria de nossa
Ternura distante, mas real.


Benjamim Neto.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Bela

Bela, mais bela
Que a beleza
Em seus pelos
Brancos de paz.

Paz que ela trouxe
Por muitos anos
Aos pobres donos
Que eram em suma sua família.

Oh, Bela, trate de
Cuidar de nós aí do outro lado.
Vigie nosso lar,
Vigie nossas vidas.
Espante os estranhos.

Bela, minha irmã,
Despediu-se com o rabo baixo,
Com os olhos cerrados de prazer
Da última carícia que pude te dar.

Logo logo nos encontramos.
Que nosso quintal, seu local de descanso,
Esteja feliz em ganhar tal ser de bondade,
Coragem, fidelidade e amor inigualáveis.

Oh, Bela,
Para sempre terei parte
De mim em você.



M.Z.R.

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Prisão de Carne

Ficou presa
A minha rosa
Em males como
O cipó-chumbo.

Não diga-me que
Está livre, pois
Vejo nítidas as correntes
E a bola maciça presas em seus pés.

E talvez você não se importe,
Já eu nunca fui de gostar
De prisões.

Já vivi muito tempo preso
E hoje confesso que
Não costuma ser confortável.


Lino Pedro.

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Agradecimentos - 2013

Já é 03 de Janeiro de 2014 e eu me lembrei hoje que não fiz os devidos agradecimentos e nem a retrospectiva do ano de 2013 do Bar.
  Cara, que ano! O Bar começou engatinhando, com poucas palavras dos seus principais frequentadores, mas terminou em alta, com vários posts nos meses finais.
  O Bar permanece , neste ano novo, como estava no fim do ano passado : Élio clama por movimento, pois os tempos não são dos melhores, mas a clientela original continua, em partes, fiel aos nossos bancos de madeira velha e aos nossos copos de vidro do século passado (ou do anterior a este, não sei).
  Por fim, quero agradecer a vocês, leitores, que fazem com que meus clientes estejam motivados a deixar-nos escritos ao visitar esta espelunca que chamamos de Bar.
  Um muito obrigado aos leitores fiéis, e aos periódicos também!
  Acho que é tarde para desejar-lhes Feliz Natal, mas ainda estamos em tempo para meus sinceros desejos de felicidades e prosperidade neste ano de 2014 a todos vocês!
  Grande abraço. Continuem aí.

M.Z.R.