sábado, 23 de novembro de 2013

Passagem de Ida

Da janela do ônibus
Passam a estrada e os carros,
Passam as árvores destemidas,
Passa instantaneamente a vida.

Corre longe, fora do alcance
Dos olhos dos que nada enxergam.

É uma honra ver as ondas caminhando
Pelo universo ultravioleta entre as folhas
Das árvores e entre as partes da vida.

A chuva ataca minha janela
E tudo lá fora parece não ser entendido
Por quem está do lado de dentro
Da compreensão humana.

Os raios disputam lugar
Na escuridão que as nuvens trazem,
O som do mundo é então sentido
De uma maneira diferente da que estou
Acostumado quando penso no silêncio.

Ao ruído suave e constante
A imagem vista pela janela
Aparenta ser algo bom.


Élio Braga.

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