sábado, 27 de abril de 2013

Do Rei ao Povo


"De que valeu construir a estátua do deus
Já que os rebeldes chegaram,
Já que todos invadiram
E mataram os filhos teus?


As aves voam tão longe
Que os raios de Sol impedem-me de vê-las;
O mundo para mim ficou tão complicado
Que subitamente não fui capaz de reconhecê-lo.


O solo ficou tão frio,
Que nenhuma planta cresce mais,
As águas ficaram tão quentes
Que já não podem saciar a sede dos animais.


O frio ficou tão intenso,
O ar está tão denso,
Mas minha a vida se tornou algo bom.


A corneta do barqueiro soa aquela canção.
A canção mais bela que alguém já ouviu,
Uma canção simples
Que diz


'Eu não conheço mais o som da música.
Eu não conheço mais o gosto da bondade.
Eu não conheço mais as lindas flores cor de carmim.
Eu apenas conheço
A mim'.


Os homens acompanham o som da corneta,
A lua revela uma imagem negra.
Chegou, por fim o dia
Que até o último deles viajará
Para uma terra muito mais distante,
Para uma terra muito mais profunda,
Chamada e aclamada por muitos.


Cada um, a partir daqui,
Fará seu próprio caminho
E sua própria terra,
E que a sorte esteja com vocês."


Élio Braga.

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